Sem enxergar do olho direito desde os anos 18 anos de idade, época em que também teve início a sua trajetória artística, Ricardo Aleixo foi submetido, há pouco mais de um mês, a uma cirurgia de glaucoma no olho esquerdo que o deixou “totalmente cego por intermináveis 16 horas”. Conhecido por tensionar, em suas obras intermídia (livros, performances, instalações, videopoemas), os limites entre as linguagens e entre estas e a vida, o artista e pesquisador mineiro decidiu lançar mão do formato “filme-ensaio” para, mais que falar em âmbito público de um problema pessoal, propor um debate em torno do suposto predomínio da visão na cultura contemporânea. De acordo com Aleixo, sua nova obra é “uma espécie de câmara multissensorial” que desafia quem nela penetra a sair da postura passiva comum ao “indistinto público” e assumir a coautoria do processo criativo.